16 de outubro de 2016

Iron Angel - Hellish Crossfire (1985)


Nos anos da década de 1950 o rock surgiu fazendo um estardalhaço na postura herege de Elvis Presley, o embrião de uma revolução que chegaria ao seu ápice nos anos de 1960 com os Beatles, as mudanças não aconteceram só na estética da música, mas principalmente no comportamento, o questionamento dos padrões da sociedade, a contracultura, enfim, foram anos de grande efervescência cultural, os hippies, a guerra fria e o mundo dividido entre os comunistas e capitalistas e mais as violentas guerras de descolonização de África e Ásia, os anos de 1970, viram a derrota do capitalismo custando mais caro do que o rico dinheiro do contribuinte que teve de enterrar os seus filhos ou vê-los paraplégicos ou que ficaram “esquecidos” como pagamento pelos danos permanentes causados a 80% do solo vietnamita que hoje é improdutivo por conta do excesso de napalm.


Nos anos de 1980, a guerra fria assim como o comunismo entravam na reta final, o Brasil também entrava na reta final de uma sanguinária ditadura militar. O mundo ainda continuava em ebulição na música novos ritmos vinham surgindo dentro do rock, o Black Sabbath havia ensinado como é que fazia álbuns pesados, sombrios e apocalípticos que faziam os filhos dos liberais, classe média se deprimirem com a realidade, o Judas Priest veio na sequência e em 1976 apresentou uma proposta ousada com Sad Wings of Destiny (1976), ou seja, o mundo estava mudando e os britânicos continuavam na crista da onda e na década de 1980, o mundo viu surgir a NWOBHM, cujas bandas alicerçadas nas influências de bandas como tripé formado por Judas Priest (cujos três primeiros álbuns trouxeram os novos caminhos, ou seja, a transformação), Black Sabbath e o Motörhead que trouxe o lado sacana, chapado e casca grossa que manifestava num estilo de vida, enfim estava selado os rumos que o heavy metal tomaria dali para a frente.


As influências da NWOBHM não se restringiram a Inglaterra de onde vieram Iron Maiden, Saxon, Def Leppard, Blitzkrieg, Venom, entre tantas outras, mas se espalhou como um vírus por toda a Europa e países como a Holanda, Bélgica e muitos outros viram seus jovens pegar em instrumentos e formarem suas bandas que se transformaram em referência lançando seus álbuns clássicos que são referências até hoje. A Alemanha também entrou nessa onda e além do Scorpions viu surgir o Aceept, a maior banda do gênero por lá, referência das referências, mas além disso ainda presenteou o mundo com o Sodom, Destruction e o Kreator, o trio é o maior expoente do Thrash metal germânico que compete em igualdade com os mestres americanos como Slayer, Metallica, Megadeth, Anthrax e os demais.

Só que além destes outros pouco conhecidos também surgiram e deixaram uma pequena discografia que não fica em nada devendo aos grandes, o Iron Angel é uma destes pequenos gigantes de carreira e dono de uma minúscula discografia que fala alto e tem um poder de fogo furioso.  Os caras souberam assimilar a fúria do Judas Priest para criar uma massa sonora rápida, pesada e muito violenta, ou seja, carregada de fúria impar chamada de Speed Metal. O início da banda foi na escola no começo da década de 1980, em Hamburgo, Alemanha, eles chamavam-se Metal Gods. Em 1984 gravaram a primeira demo intitulada Power Metal Attack, o primeiro disco saiu Hellish Crossfire saiu pela SPV/Steamhammer, selo que lançou os álbuns grandes nomes germânicos do Thrash metal entre outros do heavy metal de lá quanto do estrangeiro.  


A demo já trazia o Iron Angel pronto para o culto, para blasfemar em nome do heavy metal ou melhor do Speed Metal. Como diziam Dirk Schroder (vocais), Mike Mattews (bateria), Thorsten Lohman (baixo), Petter Wittke (guitarras) e Sven Stüven (guitarras) trata-se de um álbum de heavy e Speed metal feito para todos os fãs do gênero no mundo inteiro. O escrito é tão verdadeiro que logo no começo “The Metalliam” já mostra de cara a que veio o Iron Angel, o som tem destaque para bateria insana de Mattews e para os vocais rasgados e blasfemos de Schroder, as guitarras não passam de verdadeiras serras elétricas. “Sinner 666” continua a linha veloz e agressiva sem fazer qualquer concessão e concentra tudo nas guitarras que funcionam como a guia condutora dos demais instrumentos, um farol no meio da tempestade em meio caos.

“Black Mass” já vem com ritmo um pouco mais cadenciado, mas não deixa cair a energia do álbum, os refrãos grudentos são marcantes. As letras discorrem críticas a religião e não assuntos que tratam do oculto como louvação ao diabo, mas sim questionamento aos valores que a religião prega que como bem se sabe recaem na hipocrisia. Tem também a crítica social como no caso as guerras que naquela época eram travadas constantemente de forma indireta pelos líderes da guerra fria, nos anos 80 as letras eram ainda mais sombrias ao expor as mazelas do mundo e a condição de miséria humana. “The Church Of The Last Souls” retoma o Speed na mais absoluta velocidade é pura pancadaria que merece ser ouvida no mais alto volume, os vizinhos que tampem os ouvidos, ou melhor, que se mudem...          



“Hunter in Chains” é aquele típico heavy acelerado calcado nos riffs de guitarra e que retoma a cadência, tem um ritmo, digamos, alucinante nos solos. “ Rush of Power” é uma faixa da demo que acabou entrando no álbum e a escolha foi sensata devido a qualidade do álbum e ele pede músicas de conteúdo sombrio, explosivas. “Legion of Evil” mostra um conjunto concatenado com os valores do heavy metal, enfim, o que temos aqui é uma sonoridade de combate e que segue com fidelidade a proposta o álbum, o Speed Metal mais bruto e agressivo que um conjunto de músicos pode extrair de seus instrumentos, os solos de guitarra levam a um passeio em terras não sonhadas.

“Wife Of The Devil” extrapola os limites de velocidade, os caras caem de cabeça no caos sonoro arrasando fronteiras colocando em jogo a sanidade, os limites foram derrubados, ou seja, esses alemães definitivamente eram devoradores de miolos. Em “Nightmare” aparentemente uma balada heavy clássica que de repente é encerrada e cai na pancadaria e segura a onda o álbum cujo encerramento vem com “Heavy Metal Soldiers”, um hino de louvor ao heavy metal tocado a velocidade da luz. Depois de Hellish Crossfire nada seria mais o mesmo, o álbum tornou-se um clássico cultuado além da Alemanha, no Brasil foi lançado em LP pela Woodstock Discos que fez um trabalho lançando não apenas este, mas outras alemãs como o Grave Digger, anos mais tarde foi relançado em CD, no Brasil também, ganhando uma versão caprichada com contando com a demo  e o segundo álbum do Iron Angel intitulado Winds of War (que contou o filho de Ritchie Blackmore na guitarra na faixa título, também foi lançado nos dois formatos pelos dois selos), que seguia a mesma proposta só que um pouco mais leve que o Hellish Crossfire. Se você ainda não conhece o Iron Angel pode começar por esse mesmo não haverá arrependimentos apenas alguns motivos irrefutáveis para você começar a gostar de heavy metal, boa audição. 

Lista de músicas

A1 The Metalliam 
A2 Sinner 666
A3 Black Mass
A4 The Church Of The Last Souls
A5 Hunter In Chains 

B1 Rush Of Power 
B2 Legions Of Evil 
B3 Wofe Of The Devil 
B4 Nightmare 
B5 Heavy Metal Soldiers

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