20 de junho de 2014

A Estante do Colecionador e a Segunda Parte das Novidades de Junho


Quando o mês é bom, eu compro os meus discos para abastecer a minha prateleira em duas prestações, ou seja, vou duas vezes aos locais que já citei aqui no post anterior sobre as minhas aquisições desse mês para satisfazer os meus caprichos mensais. Dou esse espaço de tempo para ver se chega algo novo, diferente do que tenho ou o que não tenho mesmo. Dessa vez a feira foi legal e acabei encontrando discos que estavam programados para o próximo ano, mas como são difíceis de achar mesmo nos comércios virtuais (Mercado Livre, OLX) não pensei duas vezes ainda mais pelo preço super em conta.


Geralmente não costumo comprar discos da mesma banda ou artista no mesmo mês para poder variar sempre, mas como os discos do Bob Dylan são quase raros por aqui já puxei dois para a minha sacola e o mesmo pode-se dizer do Traffic e também puxei dois e mais um do Van Morrison e outro do Rush, e para fechar a conta escolhi um dos Beatles. Livros dessa vez não rolou comprar porque compro logo de cara e como eles demoram a ser devorados deixo sempre para o outro mês. Essa segunda etapa das compras fiz no sábado de manhã, primeiro fui até a FNAC que fica num shopping tradicional daqui de Ribeirão Preto, e depois no fim da manhã, a parte derradeira fiz no mais novo shopping que foi inaugurado no final do ano passado e no caso a loja é Cultura.

Nem fui a Saraiva e a Livraria da Travessa para não perder tempo já que estas não possuem nada de interessante. Almocei no shopping novo e fiquei mais um tempo perambulando para conhecer o shopping já que o único lugar que de fato conheço é a Livraria Cultura e depois de dar aquela voltinha básica me mandei para casa. Já em casa ao invés de ir imediatamente conferir os discos fui assistir jogo de futebol, da copa do mundo. Apesar de ser contra a realização desse evento no país por motivos óbvios não pude deixar de conferir os jogos porque como todo o brasileiro, eu também adoro esse esporte.

Depois de terminar de ver o Uruguai tropeçar contra a Costa Rica e de ficar embasbacado porque de fato foi algo inédito aquela vitória, eu finalmente fui para o quarto encontrar consolo nos meus novos discos e já fui arrancando-os da sacola e rapidamente os fui abrindo e seguindo os meus rituais e depois de cumpri-los já fui caminhei para o meu sistema de som ligando-o e apertado o botão para abrir a gaveta e pronto coloquei o cd com a mão direita e com a esquerda acionei o fechamento da gaveta e em seguida apertei o play e me recostei na cama para conferi-los e me esquecer dos meus dilemas de toda vida. 


Esse foi o primeiro a estrear. Eu não conhecia ainda por inteiro só tinha escutado algumas músicas no formato digital e como é difícil de achar acabei pegando para depois não ficar na fissura. Gostei da parceria que Dylan fez com Johnny Cash na regravação de "Girl From the North"  originalmente lançada em Freewhelin, de 1963. Essa versão é até mais agradável que a original. O restante do disco é o som tradicional, mas tem o apelo country muito bem colocado. Enfim, é um disco de primeira linha, mas fica apagado se compara aos anteriores que tinham muito mais para dizer.  

Esse é o outro que resolvi pegar para levar para casa porque assim como o outro é ruim de achar e por isso segue o lema "para que deixar para depois o que posso fazer agora". Esse ainda não tinha o som eletrificado é totalmente na base do violão e gaita soltando aquele folk seminal e hipnótico. O título parecer uma piada já que em português "Os tempos eles parecem estar mudando", mas verdade pode-se pensar que no final diz-se não estão mudando, mas para mim mudou alguns sentimentos e agora me sinto catapultado para dentro da obra desse cara por causa da faixa título e por isso também me sinto impelido a conhecê-lo a fundo. 

Desse cara, eu conheço o Astral Weeks e o Moondance, mas não os tenho porque ainda não achei para compra-los, porém tive que me contentar com esse e não me arrependi pelo que escutei muito pelo contrário, a mistura de country, blues, rock e folk aqui é muito bem elaborada. É um disco seminal e bem viajandão que te faz pirar nas linhas de Crazy Face, Blue Money, Gypsy Queen. A Irlanda também tem as suas pérolas e este é uma delas. Van Morrison é dono de uma discografia recheada de clássicos imperdíveis prontos para te surpreender e se vocês quiser uma dica deixe este abduzir é certeza de diversão.     

Este disco é demais, o Traffic é uma banda e nesse começo com o psicodélico, ácido Mr. Fantasy, de 1967, os caras mostraram que não existe limites para voar alto na música e deram sua contribuição com disco apaixonante. Heaven is in Your Mind é a mostra perfeita para quem está a fim de sair do ar e ficar no céu. Heaven for Everyone é outra pérola desse trabalhado magnífico, enfim estou fora do ar até agora e é difícil de se livrar desse disco. Esses caras contam com ninguém mais nem menos do que Steve Winwood que trabalhou com Jimi Hendrix nas gravações de Electric Ladyland (1968) e com o outro mestre da guitarra Eric Clapton com quem montou o super group conhecido como Blind Faith. 


Ao contrário do primeiro, do segundo e do terceiro que bebiam diretamente da fonte do psicodélico este assim com os que abriram a década de 1970 caminharam pelo incipiente progressivo que naquele momento havia transformado-se na nova onda do rock atraindo inúmeros adeptos e revelando um sem número de bandas, o Traffic lançou este aqui e apesar de não ser um clássico como o seu antecessor conta com faixas muito bacanas cuja percussão de Rebop deu um tom interessante e inclusive mais caótico e viajante. Resumido a cinco faixas é difícil escolher uma e assim sendo vos digo escutem-no inteiro e resolvam vocês quais são as melhores. A capa do lp também tem o mesmo efeito do anterior, porém o cd não tem.  
  
Tudo o que você precisa saber sobre o Rush de 1974 a 1976 está neste álbum ao vivo, o primeiro lançando pelo power trio canadense. Enfim, ele abriga a primeira fase do grupo que começa pelo Rush (1974) e passa pelos não menos clássicos Caress of Steel (1975) e Fly By Night (1975) e pelo revolucionário 2112 (1976), a verdadeira obra prima do hard/progressivo. Este foi gravado durante a turnê de promoção de 2112 e constam nele versões definitivas para a 2112,   Bastille Day, Lakeside Park e By-Tor and Snowdog. É uma que tenha ficado apagado e é pouco citado entre os grandes álbuns vivo já lançados na história. 

Esse de fato foi o álbum que além de apresentar ao mundo mágico dos Beatles me fez ser um roqueiro. Abbey Road é daqueles discos que eu colocava na vitrola e ouvia por horas a fio e ainda hoje o faço, mas no só que no caso é no cdplayer é que passo horas e a me divertir divagar. Esse que eu comprei é daquela série digipack lançada em 2009. A qualidade gráfica é legal, mas nesse peca-se pela falta das letras tem apenas fotos bacanas dos caras no cenário da capa. Aqui a sonoridade dos caras deixava aos poucos de lado os cacoetes sessentistas do começo para embarcar numa sonoridade mais viajante, psicodélica e rock mais pesado. 


Enquanto o próximo mês não chegar continuarei aqui cumprindo com os meus rituais para ouvir esses discos no final de tarde. As férias de junho estão ai e é preciso aproveitá-las porque daqui a pouco elas vão acabar e a vida volta ao seu curso normalmente seja ou não o Brasil campeão dessa copa, a minha vida nada muda. Na próxima semana já começo fazer a escalação da minha próxima seleção que vai entrar no campo e como esses novos contratados necessitam de um bom volume de reais é necessário quase ter que vender a alma para conquista-los nas batalhas do dia seja suando, sangrando.

A vida de colecionador é complicada, mas compensa e por isso penso que deveríamos ser tema de um trabalho antropológico, psicológico neste caso não porque somos doentes, mas explicar esse novo amor incondicional para com a música.   



    





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