16 de fevereiro de 2012

Resenha de Filme: Factótum (2005)



Muitos livros clássicos da literatura mundial ganharam sua adptação para as telas do cinema outro obtiveram grande sucesso nas bilheterias e outros foram verdadeiros desastres segundo a crítica especializada, no caso de Factótum baseado na obra do escritor alemão Charlie Bukowski, trata-se de um excelente filme cuja grande crítica é que a película ficou fora do contexto, pois diretor deveria saber que existem histórias que não devem ser atualizadas, pois o enredo do livro se passa na América durante o período da segunda guerra mundial.

E na obra o autor (de estilo autobiográfico) conta as agruras de um escritor que caminhava pelo submundo rodeado de mulheres baixas, bebedeiras, jogatinas e sobrevivendo em subempregos para poder escrever e  enfim tentar a sorte no mercado editorial, e nessa linha recheada por um vocabulário violento a obra desfralda os podres do sonho americano e mostra a dureza daqueles que o rejeitaram ou foram sumariamente ignorados por ele.


O filme segue fielmente o livro, um belo resumo que retrata os fatos principais da obra onde Henri Chinaski (interpretado por Matt Dylon), mostrou-se apropriado para representa o anti-herói em sua aventura insólita pelos porões da sociedade norte americana e sua deslavada hipocrisia.

Assistam o filme é um belo retrato auto biográfico que revela muito do Velho Safado, embora esteja desfocado e por isso possa talvez atrapalhar o entendimento do espectador enquanto ao contexto e os seus porquês e razões de ser, e por isso mesmo que ele merce ser assistido e se você tiver a oportunidade não deixe que esta passe desapercebida por você, assista!    

Resenha do Livro: Canibais Paixão e Morte na Rua do Arvoredo de David Coimbra



Quais os limites entre a ficção e não-ficção? pergunta que talvez o autor David Coimbra possa nos responder, com o seu romance ambientando na Porto Alegre do século XIX, cujo o tema são os Crimes da Rua do Arvoredo que aconteceram entre os anos de 1863-64, praticados pelo açougueiro José Ramos ( o primeiro Serial Killer brasileiro) e sua esposa Catarina que tinha a missão de atrair as vitimas que suspostamente eram convertidas em lingüiça pelo açogueiro. 

O autor mergulha na Porto Alegre do século XIX, contextualizando o município apelando para a história para revelar detalhes inerentes a sociedade do Brasil imperial, somando a isso personagens reais e fictícios cuja trama de mistério, horror gore, sombria e também erótica recriada neste romance que é pura diversão e altamente recomendável aqueles que gostam de ler.


Verdade? não se sabe se acontecimentos no macabro açougue e os crimes a ele relacionados não passam de apenas de lendas urbanas. Mas o romance transforma Catarina numa ninfomaníaca, louca àvida de encontrar presas para o psicopata José Ramos sem remorso algum os abrir com o seu machado e transforma-los em lingüiça pelo visto muito deliciosa. 

Uma boa leitura que deve ser apreciada com um bom prato de lingüiça do lado e um bom copo de bebida do outro e não se esqueça se um dia algum o leitor desta obra passar por Porto Alegre saboreie a lingüiças de lá e talvez quem sabe não existam outras Catarinas e José Ramos escondidos nas noites gaúchas esperando pela próxima vítima que pode muito bem ser você. 

Resenha de cd: Chickenfoot - Chickenfoot III (2011)


Confesso que em 2009 quando o Chickenfoot lançou seu primeiro álbum eu fiquei curioso e ao mesmo tempo apreensivo, embora o disco só tenha ganho sua versão nacional dois anos depois, o disco apresentava grandes composições, mas na verdade não passam de ótimos riffs de guitarra, boa linhas de baixo, e evidenciam que Sammy apesar de já ter ultrapassado a casa dos 60 anos ainda tem muita lenha para gastar e mostra que Chad Smith é bem mais do que o baterista do Red Hot. 


13 de fevereiro de 2012

Rock Memories: Domingo dia de Dio!



Domingo, o que dizer desse dia? para muitos é a introdução para o começo da semana, quando retorna o fantasma da rotina, trabalho, escola e faculdade e mais outras dezenas de tarefas do cotidiano, mas pena que não podemos fugir delas, embora domingo seja também o dia de curar a ressaca adquirida pelos excessos da noite de sábado, é um dia que apesar de causar certa tristeza a uma outra parcela, pode ser um dia para reflexão, passear com a namorada no shopping e pegar um cineminha. 

Mas para mim este domingo foi um daqueles relativamente bons, acordei cedo como de costume fui direto a banca de jornal para comprar o jornal de domingo e as minhas revistas favoritas (Roadie Crew e Rolling Stone), o que já me valeu o dia, e ainda de manhã baixei dois filmes na internet e assim que saírem nas lojas comprarei os originais, e finalmente desliguei o computador e fui para a frente da televisão assisti-los e fiquei até o começo da tarde assistindo os filmes, almocei e depois iniciei uma breve leitura.

Depois de cumpridas essas tarefas todas, senti a necessidade de ouvir música, mas não sabia o que ia escutar até quando olhei para a estante e depois de alguns minutos, pronto ali estavam os discos que eu tanto queria ouvir, afinal de contas tratava-se de um disco clássico cheio de pompa, pois estamos falando de Ritchie Blackmore e sua banda nova o Rainbow, que em 1975 lançara o seu primeiro álbum cujo o título que levara apenas o nome do vocalista, era uma verdadeira declaração das intenções do guitarrista que após dar o recado cumpriu a promessa um ano mais tarde ao lançar o segundo álbum Rising (1976), mas o que chamava atenção naquele disco era o vocalista cujo talento que revelava identidade e estilo próprio e não soava como um clone de ninguém.



E alguns anos mais tarde Ronnie James Dio, estava no Black Sabbath e nesta primeira passagem o baixinho deixou a sua marca gravando dois álbuns o primeiro Heaven And Hell (1980) era tão urgente com um som renovado cuja a capa trazia de volta a velha bruxa a cena e com faixas como Neon Knights, Children Of The Sea, Lady Evil, Heaven And Hell, Die Young e Lonely Is The World e o segundo álbum Mob Rules (1981) não ficava atrás desde o inicio com Turn Up The Night, Voodoo, The Sign Of The Southern Cross, E5150 (introdução famosa entre os colegas, pois se ao fixar o olhar sobre a face da capa poderia-se ver a imagem do demônio fato que causava temores em alguns), The Mob Rules e Falling The Edge Of The World, mostravam ao mundo que não era preciso provar nada a ninguém. 


Quando eu adquiri os álbuns de sua primeira passagem pelo Black Sabbath, eu confesso que fiquei surpreso , pois eu pensava que o baixinho tinha saído do Rainbow diretamente para sua carreira solo. Eu não sabia muito ainda sobre o Heavy Metal e o Hard Rock apesar de ter pego um pedaço do cenário da década de 1980 e além de estar na infância rumo a adolescência, naquela época era muito difícil obter alguma informação que não fosse desencontrada, pois as revistas eram quase inexistentes e as informações surgiam a base do telefone sem fio e isso mais atrapalhava do qualquer outra coisa, então a minha principal fonte de acesso a informação acabavam sendo os meus discos e foi justamente com eles e com mais algumas outras informações oriundas dos donos das lojas de discos que eu consegui obter um conhecimento considerável para época.  




Mas como nem tudo são flores pouco tempo depois, o vocalista lança-se a sua carreira solo gravando dois excelentes álbuns Holy Diver (1983) e The Last In Line (1984) onde o mestre agora mostrava que não precisava do Black Sabbath para seguir em frente e assim o fez lançando bons álbuns e depois de quase uma década apartado da banda onde ele consagrou-se como um dos maiores vocalistas de heavy metal, retorna para mais uma breve participação registrando um novo clássico Dehumanizer (1992), trazendo temas reflexivos como a mecanização do homem tema de Computer God.



De volta a sua carreira solo lançou mais alguns álbuns alternando entre uns mais fracos e outros mais inspirados como Magica (2000) e o ignorado Master Of The Moon (2004) era incrível poder olhar para a minha estante e ver álbuns como Dream Evil (1987) e o massacrado Look Up The Wolves (1990) e sentir quase a mesma emoção de ouvi-los era incrível ver o tempo passar e ainda assim, não desistir de ouvi-los pelo menos uma vez que fosse, pois não importava se fossem bons ou ruins o que interessava era ouvir a voz potente daquele vocalista e poder participar daquele momento histórico para mim.

Heaven And Hell (2007)
E quando foi anunciada a terceira volta do Black Sabbath com o clássico line-up que havia lançado Heaven And Hell (1980), fato que acabou não acontecendo como deveria ser, pois o ciúme de Ozzy Osbourne que entrou na justiça para brigar pelos direitos da marca, acabou atrapalhando um pouco mas não impediu que isso acontecesse e o nome Heaven And Hell foi escolhido justamente para ressaltar aquele momento do passado que se repetira agora e depois de gravarem um excelente álbum ao vivo Radio City Music Hall (2007) que eu não hesitei por um segundo que fosse e já o agarrei como se fosse o primeiro álbum da minha vida e saquei logo o dinheiro da carteira e paguei por aquele disco sem pestanejar, e a surpresa foi tamanha ao ouvir somente os clássicos daquela era brilhante. 


Mas aquilo que tinha sido programado para apenas ser uma turnê de promoção de um lançamento de um box daquela fase, acabou virando uma banda e obviamente um novo álbum de estúdio era mais que o esperado e a expectativa em torno de tal lançamento outra vez tomou conta de mim e atitude foi a mesma, pois me via numa encruzilhada, mas no fundo pouco importava se o disco fosse do meu agrado ou não e tratando-se de músicos daquele nível seria difícil ouvir um disco ruim e The Devil You Know (2009) me surpreenderia outra vez era um grande álbum, que anunciava subitamente o fim de uma era que havia começado nos anos 70 e acabava agora no século XXI de forma trágica. 



E quando eu soube pelo meios de comunicação que Dio havia sido acometido por um câncer de estômago eu assim como muitos outros fãs,  acreditei na recuperação de Ronnie Dio, mas o balde de água frio jogado   não só na minha cabeça como nas outras cabeças e que gerou forte comoção no cenário heavy metal mundial, pois tratava-se da perda de um dos maiores vocalistas do estilo, além do exemplo em cima dos palcos o foi fora dele também, pois esteve a frente da fundação Children Of The Night que ajudava crianças carentes (e o guitarrista Craig Goldie veio justamente dessa instituição), o que muitos de seus criticos provavelmente jamais fariam ou fizeram alguma coisa por alguém, e não perdoaram nem o dia de seu falecimento e de maneira preconceituosa escreveram textos difamando-o. 

A minha tristeza não se manifestou pelas lágrimas, e sim pelo fato de saber que jamais poderei ouvir a voz dele outra vez, seja em shows, ou em futuros lançamentos de discos, mas por outra lado fica a emoção e alegria de ter tido o privilégio de ouvir todos os discos gravados para ele e ter assistido a todos os shows que ele fez no Brasil com o Black Sabbath em 1992, os de sua carreira solo e com o Heaven And Hell, e por mais duro que seja a falta, fica o legado impresso nos álbuns onde poderei matar a saudade independente do dia da semana.