13 de agosto de 2012

Classic Rock: Derek and the Dominos - Layla and Other Assorted Love Songs (1970)


Depois de entrar em grande estilo na sua carreira solo lançando o álbum Eric Clapton (1970), o guitarrista não contente resolve continuar a sua empreitada, mas desta vez se apropriar dos músicos Bobby Whitlock, Jim Gordon e Carl Radle todos membros da banda Dellaney, Bonnie & Friends que se desfez em meio as brigas homéricas entre Dellaney e sua esposa Bonnie Bramlett (que se separaram em 1972), mas primeiramente Jim Gordon e e Carl Radle encontraram abrigo na banda de Joe Cocker embarcando na turnê de promoção do álbum Mad Dogs and Englishmen e como Bobby Whitlock não conseguirá se encaixar em nenhuma banda e como encontrava-se a deriva foi aconselhado por Steve Cropper a procurar Eric Clapton e seguindo esse conselho, Whitlock acabou morando na casa do guitarrista onde costumavam tocar juntos fazendo várias jam sessions de onde saíram várias canções que iriam integrar o álbum do grupo que ainda encontrava-se em processo de formação. 



Pouco tempo depois eles chamariam os demais integrantes da banda de Dellaney e Bonnie, David Mason, Radle e Gordon que acabaram formando a base para a gravação do álbum "All Things Must Pass" de George Harrison que foi lançado em novembro de 1970. O nome  Derek and the Dominos é cheio de polêmicas em torno de si, pois a escolha teria sido feita por Ashton do trio Ashton, Gardner and Dyke que sugeriu os nomes Del and the Dynamos e  Derek and the Dominos em oposição ao provisório nome Eric and the Dynamos, pois o segundo nome suegrido por Ashton é a mistura "Eric e Del", mas de todo jeito o grupo partiu para estrada, para fazer uma turnê de verão pela Inglaterra e Eric Clapton cansado da fama e do estigma que havia reunido em torno de si durante os seus gloriosos tempos de Cream e Blind Faith  e por isso fez questão de se apresentar anonimamente e alguns contratos com as casas de espetáculos continham clausulas que impediam os promotores de usa-lo como chamariz para os espectadores comparecerem aos shows. 

Mas outra excelente surpresa estava no caminho e a entrada de Duane Allman fã de Eric Clapton de longa data, ficou louco quando soube que o seu ídolo estava com uma banda nova e eles estavam prestes a gravar um álbum de estréia e queria porque queria realizar um sonho, ou seja, assistir as sessões de gravação desse álbum que estava prestes a ser registrado e através do produtor Tom Dowd que estava trabalhando na produção do álbum Idlewild South (1970) do The Allman Brothers Band entrou em contato com Eric Clapton convidando-o para assistir a uma apresentação do grupo norte americano de Southern Rock e ficou encantado com o guitarrista Duane Allman e o produtor deu um jeitinho de colocar o Derek and the Dominos no palco, onde tocaram juntos. E depois Eric Clapton convidou a banda (o The Allman Brothers Band), para fazer uma jam que durou 15 ou 18 horas no Criteria Studios e assim Duane Allman havia conseguido mais do que apenas assistir as gravações ele iria participar das gravações do álbum como convidado.

Embora o Derek and the Dominos tivesse Eric Clapton como a grande estrela do grupo a concepção do álbum Layla and Other Assorted Love Songs aconteceu devido ao esforço conjunto dos integrantes do grupo, pois apenas duas canções foram integralmente compostas só por Eric Clapton, as demais faixas são assinadas por Duane Allman (cuja participação foi fundamental para o álbum), Bobby Whitlock e Jim Gordon. As gravações do álbum aconteceram no durante os meses de agosto e setembro de 1970, no Criteria Studios em Miami, nos EUA. A Duane Allman foi acerta e importantíssima, pois logo de cara na jam session ele e Clapton mostravam uma afinidade fora do comum e a escolha mostrava-se acertada, pois o guitarrista entrava certinho na linha que o guitarrista estava querendo, pois o disco seria uma declaração de amor, romântico em sua essência porque tinha o objetivo de desnudar o coração de Eric Clapton para a sua amada (Patty Boyd na época esposa do ex-Beatle, George Harrison).  


         
A participação de Duane Allman no primeiro dia das gravações começou com a inclusão de Slide Guitar, na faixa "Nobody Knows You When You're Down and Out" (um clássico blues originalmente gravado por Jimmie Cox) e durante quatro dias o grupo gravou mais três canções: "Key to the Highway", "Have You Ever Loved a Woman" (outro grande clássico do blues originalmente gravado por) e "Why Does Love Got to be So Sad" e enquanto o Duane teve de se ausentar para cumprir alguns compromissos contratuais com a sua banda original, o grupo remanescente gravou as faixas "I Looked Away", "Bell Bottom Blues" e "Keep on Growing" e quando Duane Allman voltou ainda teve tempo para participar das faixas "I am Yours", "Anyday" e "It's Too Late" e poucos dias depois todos os músicos participaram da faixa "Little Wing" (originalmente composta e grava por Jimi Hendrix e também funcionou como uma homenagem ao amigo que havia falecido e isso provocou grande tristeza em Clapton que era seu amigo) e da faixa Layla o grande hit do álbum, cuja participação de Allman também foi fundamental, pois através do rearranjo de um riff do bluesman Albert King surgiu a famosa introdução de abertura desta faixa, mas a faixa foi gravadas em diferentes seções. 

A faixa "Tell the True" foi originalmente composta durante as seções de gravação do álbum solo de George Harrison "All Things Must Pass" cuja primeira versão tinha um andamento mais ensolarado, ou seja, divertido e foi lançado como single, mas para a sua inclusão no álbum ela ganhou uma verão diferente, pois nesta nova versão ela estava mais longa e mais arrastada e o resultado final foi uma mistura muito bem elaborada das duas versões. E a última faixa a ser gravada foi justamente a faixa "Thorn Tree in the Garden", o encerramento do álbum que é um verdadeiro tributo ao blues rock e uma verdadeira declaração de amor cujo o nome da banda e o nome da principal faixa "Layla" serviam como um perfeito disfarce, pois seria algo desagradável seu amigo saber que você estava apaixonado por ela e se declarar dessa maneira tão selvagem.  

Agora depois de falar da banda é necessário também falar sobre os porque da concepção do álbum. E para isso temos que entrar na relação de Eric Clapton e do ex-Beatle George Harrison, pois amizade entre os dois surgira ainda nos anos 60 e Harrison era casado com Patty Boyd e a história é a seguinte: George Harrison havia mergulhado na cultura hindu abraçando a religião e seguindo-a a risca acabou deixando sua esposa de lado e como Clapton era amigo do casal e ter uma relação de amizade muito próxima acabou conhecendo-a e acompanhou de perto a angústia da mulher de seu amigo e acabou apaixonando-se por ela e nesse esquema surge a faixa Layla que ele mostrou a ela, ou seja, era a declaração de amor de Eric Clapton a sua amada e o seu amigo George Harrison apareceu na hora e foi surpreendido quando Eric disparou que estava apaixonado por sua esposa e então o ex-beatle furioso apenas disse para ela escolher com quem ela iria ficar e ela sem jeito optou pelo marido recusando o guitarrista que ficou tremendamente magoado.


              
A capa do álbum é uma pintura do artista plástico francês, Fransdsen-de Schonberg, cuja a figura é uma mulher loira, com os olhos azuis parece ser Patty Boyd que está atrás de um buquê de flores, que de cara deixa estampada a intenção da gênese do álbum e por isso não é difícil compreender que a capa havia sido cuidadosamente planejada pelo guitarrista, mas esse fato é algo que não se comprova, pois existem discussões afirmando que a capa estava pronta antes do álbum e outro afirmam que ela foi concebida especialmente para ele. E outra polêmica que ronda a pintura é que algumas pessoas íntimas da homenageada dizem que ela possui a tela original que estaria guarda a sete chaves em sua casa, em Londres que é outro fato incerto. E assim com tudo pronto para ser lançado finalmente em dezembro de 1970, Clapton tornava público o que os seus fãs e críticos logo iriam saber, ele estava apaixonado e estava entregando o seu presente, ou seja, a sua prova do seu amor, mas os resultados comerciais seriam marcados pelo fracasso em parte atribuído a Polydor que não deu a devida atenção ao álbum por ter entendido erroneamente que Eric Clapton não fazia parte da banda. 

A turnê começou rodou por inúmeras cidades dos EUA e os dois primeiros shows contaram com a participação de Duane Allman que mesmo depois de ser convidado para continuar como membro permanente, recusou e preferiu seguir em frente com o seu irmão nos The Allman Brothers Band, e a turnê foi marcada pelos excessos, pois foi uma festa louca embalada por doses cavalares de heroína e álcool . A banda se dissolveu em meio a vários problemas em Londres devido aos excessos, as pressões e a loucura dos seus integrantes e simplesmente se dissolveu e junto com o fracasso comercial do álbum fato que o guitarrista levou para o lado pessoal e ajudou a acelerar a sua depressão aliada a morte de seu amigo Jimi Hendrix  e principalmente a recusa de Patty Boyd que levaram finalmente Clapton a encarar um longo hiato onde ele se entregou de corpo e alma ao vício da heroína onde ele estava afundado, mas esse hiato foi interrompido em duas ocasiões na primeira vez foi para tocar com George Harrison no Concert for Bangladesh e na segunda foi para tocar no Rainbow's Concert que virou um clássico ao vivo lançado em 1973 e ambos os convites foi um meio encontrado pelos amigos de Eric Clapton para tentar resgata-lo das drogas. 

O ano de 1972 foi marcado por mudanças, pois o álbum que havia sido desprezado e portanto mal recebido começava a subir nas paradas e ali naquele momento nascia um clássico que em sua gênese havia sido renegado, para ser considerado um dos amiores momentos da carreira de Eric Clapton que além de ser um tributo a sua amada era também um tributo ao rock e pouquíssimas vezes uma parceria foi tão feliz como esta que foi protagonizada por Clapton e Duane que transcenderam a níveis espirituais e cósmicos caminhando para lugares jamais sondados antes, para dizer o que é amor verdadeiro no seu estado mais puro e selvagem. Esta ai o grande diferencial de Layla and Other Assorted Love Songs que foi elevado a condição máxima de clássico e referencial do rock e não foi surpresa nenhuma ver publicações o elegerem como um dos maiores álbuns de todos os tempos, pois a rede televisão VH1, em 2003, o elegeu na 89º posição, na lista dos 500 maiores álbuns de todos e no mesmo ano a lendária publicação Rolling Stone o elegeu na 115º posição da sua lista dos 500 maiores álbuns de todos os tempos. Esse disco é indicado para você escutar com sua namorada ou namorado, no dia dos namorados sentados ali juntinhos e abraçados com olhos colocados e aquele belo sorriso nos olhos, se beijando e deixando que os seus corações façam todo o resto.    

                   



   
    













     

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